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Conservação e restauro

DE núcleoS históricoS

materiais, critérios e metodologias

 

 

- curso livre -

  

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

24, 25 e 26 de Fevereiro de 2005 - 1ª edição

 

 

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

28, 29 e 30 de abril de 2005 - 2ª edição

 

 

Organização:

Laboratório de Conservação e Restauro

(Departamento de Ciências e Técnicas do Património)

  

1ª edição

24 de Fevereiro de 2005 (Quinta-feira): 10:00 – 13:00 / 14:30-18:30

25 de Fevereiro de 2005 (Sexta-feira): 10:00 – 13:00 / 14:30-18:30

26 de Fevereiro de 2005 (Sábado): 9:00 – 13:00

total: 18 horas

LOCAL: Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Sala de Reuniões

 

 

2ª edição

28 de Abril de 2005 (Quinta-feira): 10:00 – 13:00 / 14:30-18:30

29 de Abril de 2005 (Sexta-feira): 10:00 – 13:00 / 14:30-18:30

30 de Abril de 2005 (Sábado): 9:00 – 13:00

total: 18 horas

LOCAL: Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Sala de Reuniões

 

 

        

Valores da inscrição (1ª e 2ª edição):

50 € / participantes

30€ / estudantes

20 € / estudantes FLUP

 

 

INSCRIÇÕES

Secretariado do DCTP - FLUP
Via Panorâmica, s/n
4150-54 Porto
Telefone: 226 077 172
Fax: 226 077 181

 

Dado o grande número de interessados, o limite máximo de participantes (50) no curso de Fevereiro de 2005 foi atingido logo após uma semana de inscrições abertas. Uma edição do mesmo curso foi então decidida para Abril de 2005, de modo a proporcionar a sua frequência a quem não pôde obter lugar na edição de Fevereiro. Porém, também para a edição de Abril já não existiam vagas desde a segunda semana de Fevereiro, ainda que vários inscritos tenham acabado por não frequentar o curso, por incompatibilidade de horários. Pedimos, pois, a compreensão de todos quantos não se puderam inscrever e solicitamos aos participantes inscritos num futuro curso que comuniquem com antecedência à organização o facto de não poderem assistir ao mesmo, de modo a cederem a vaga a outros interessados.

Caso tenha interesse em frequentar uma posterior edição deste curso ou de outros cursos livres semelhantes por nós ministrados, envie-nos uma mensagem com o seguinte texto:

"Quero ser informado(a) da realização de outros futuros cursos de restauro"

Contacto

 

 

 

 

Conservação e restauro

DE

núcleoS históricoS

materiais, critérios e metodologias

 

 

objectivos do curso

A problemática da Conservação e do Restauro é um tema plenamente actual em Portugal: muitos falam sobre Património sem terem noção do seu verdadeiro significado e até o discurso político, sobretudo ao nível local, parece ser cada vez mais permeável a estas questões. A própria noção de Património tem vindo a modificar-se irremediavelmente e a verdade é que a formação dos técnicos que intervêm no nosso Património imóvel evidencia vários desfasamentos e lacunas. Mesmo através dos currículos académicos actuais, essas lacunas não estão ainda minimamente colmatadas. Os próprios cursos superiores em Portugal na área da Conservação e Restauro são escassos, muito recentes e nem sempre com a qualidade científica exigível. Os frequentes e bem conhecidos relatos de intervenções de Conservação e Restauro mal efectuadas em núcleos históricos são apenas um dos reflexos mais problemáticos destas lacunas de formação. Estamos perante uma área do conhecimento que não pode ser abordada com ligeireza. Paradoxalmente, hoje em dia em Portugal, a Conservação e Restauro é provavelmente a área científica ligada ao Património em que se dizem mais disparates e em que maior desfasamento existe entre a teoria e a prática.

Procurando, precisamente, colmatar as lacunas de formação existentes, propomos neste curso uma abordagem à Conservação e ao Restauro mais voltada para os conjuntos urbanos (e rurais) de grande importância histórica e patrimonial. O tema é pertinente, tanto mais que é já um lugar-comum entre as escolas de Arquitectura a afirmação de que a reabilitação de núcleos históricos será o futuro da prática arquitectónica, mesmo que isso nem sempre signifique a necessária adaptação de práticas e conteúdos, em termos de ensino universitário. Por outro lado, o restauro integrado de núcleos históricos é claramente uma tarefa complexa e interdisciplinar, devendo caber ao arquitecto sobretudo o projecto. Historiadores de arte, conservadores/restauradores, gestores de património, urbanistas, engenheiros, arqueólogos e vários outros profissionais (conforme os casos) terão de dar o seu contributo.

O curso livre "Conservação e restauro DE núcleoS históricoS – materiais, critérios e metodologias" pretende chamar a atenção para vários aspectos geralmente negligenciados no ensino da Conservação e Restauro, como a evolução histórica no trabalho dos materiais, os critérios de avaliação patrimonial e consequentes estratégias de intervenção, o restauro de elementos intangíveis como factor fundamental para a reabilitação integrada em núcleos históricos e as próprias contradições na prática da Conservação e Restauro arquitectónico. As noções de RESTAURO URBANO e de conservação urbana (lntegrated Territorial and Urban Conservation - ITUC) serão devidamente explicitadas, de modo a apontar o futuro na forma como devemos entender o restauro de edifícios antigos e, em especial, dos núcleos históricos vistos como conjunto.

O plano temático do curso assume claramente o seu direccionamento para a recuperação e conservação de núcleos históricos vistos como um todo (focando sobretudo as casas de habitação vernaculares anteriores ao século XX) e, complementarmente, para a recuperação e conservação de edifícios históricos (igrejas, conventos, solares, etc.).

O curso não é exclusivamente técnico. Pelo contrário, as abordagens destinam-se também a definir melhor o valor patrimonial de determinados componentes da arquitectura vernácula portuguesa e a formar um maior espírito crítico quanto aos critérios de recuperação de edifícios antigos vistos, não de uma forma isolada, mas como partes de um conjunto maior que é o núcleo histórico, tendo também em conta factores estéticos, antropológicos, sociais e económicos.

Ao contrário do que é habitual em outra formação em Conservação e Restauro em Portugal, não são feitas meras declarações de intenções sobre estes temas, mas procura-se sobretudo fazer a crítica fundamentada ao que tem sido feito nesta área nos últimos anos, inclusive a intervenções que são geralmente (e impropriamente) elogiadas. A imagem é um recurso permanente e abundante (mais de mil fotos originais são projectadas e comentadas). É também distribuída variada documentação.

 

 

Conteúdos temáticos do curso

 

Parte 1: conhecer os materiais e as técnicas

·        Técnicas antigas de construção em cantaria (fachadas, ornato, escultura pública). Os materiais e a evolução histórica da sua utilização. Causas de alteração dos materiais pétreos. Patologias dos materiais pétreos.

·        Técnicas antigas de produção cerâmica aplicada à Arquitectura. Os materiais e a evolução histórica da sua utilização. Causas de alteração e patologias dos materiais cerâmicos (azulejo e estatuária de fachada).

·        Técnicas antigas de fundição e serralharia aplicada à Arquitectura (gradeamentos e portões). Os materiais e a evolução histórica da sua utilização. Causas de alteração e patologias dos materiais ferrosos.

 

Parte 2: estratégias de conservação e restauro dos materiais

·        Estratégias de intervenção conservativa nos materiais pétreos, ferrosos e cerâmicos aplicados à arquitectura e à escultura pública. Problemas de interacção física e química entre materiais. As argamassas de reboco e a actual utilização abusiva do cimento no restauro arquitectónico.

·        Principais produtos e equipamentos para intervenções conservativas nos materiais pétreos, ferrosos e cerâmicos aplicados à arquitectura e à escultura pública.

 

Parte 3: CRITÉRIOS de AVALIAÇÃO PATRIMONIAL

·        A problemática do restauro arquitectónico em Portugal – breve síntese histórica e situação actual, focando-se especialmente a arquitectura vernacular (em conjuntos urbanos ou rurais de grande valor patrimonial).

·        Definição de critérios para o restauro e a conservação dos materiais pétreos, cerâmicos e ferrosos, conforme o contexto de cada edifício ou conjunto de edifícios e o seu valor patrimonial relativo.

 

Parte 4: metodologias de conservação e restauro em núcleos históricos

·        Critérios para o restauro, a reabilitação e a conservação de monumentos e  núcleos históricos à escala do edifício.

·        Questões de autenticidade e de contemporaneidade.

·        Critérios para o restauro, a reabilitação e a conservação de núcleos históricos como conjuntos. Noção de Restauro Urbano.

·        O restauro do intangível - vivências, percursos, identidades. A reabilitação de espaços públicos.

·        A importância da capacidade de previsão (fundada nas leis do urbanismo orgânico) em projectos de restauro integrado dos núcleos históricos.

·        Exemplos paradigmáticos de boas e más intervenções em núcleos históricos.

  

Total: 18 horas

 

formadores:

 

Ana Margarida Portela

Licenciada em Conservação e Restauro (vertente de materiais pétreos), Mestre em História da Arte em Portugal (FLUP). Foi professora de Patologias e Técnicas de Conservação e Restauro e de Gestão e Técnicas de Construção no âmbito do ensino técnico-profissional. Hoje, dedica-se à investigação praticamente a tempo inteiro, quer como consultora – no âmbito de intervenções em edifícios históricos, quer como doutoranda em História da Arte (na área da cerâmica aplicada à arquitectura e das cantarias de ornato).

No curso, Ana Margarida Portela explana os aspectos técnicos da Conservação e do Restauro, as estratégias de intervenção, os equipamentos, o panorama profissional da Conservação e Restauro em Portugal e a constituição dos materiais, bem como as técnicas de produção em cerâmica.

  (dados biográficos de 2005)

 

Francisco Queiroz

Licenciado, Mestre e Doutor em História da Arte. É docente de História da Arquitectura e do Urbanismo na ESAP (professor auxiliar) e investigador na área das artes industriais (ferro, cantarias e cerâmica aplicada à arquitectura).

No curso, Francisco Queiroz explana o enquadramento histórico da utilização dos materiais, as técnicas de produção em ferro e nas cantarias, os critérios de avaliação patrimonial e tudo o que diga respeito aos problemas do restauro integrado de núcleos históricos.

  (dados biográficos de 2005)

 

 

 

participantes

As duas edições deste curso livre já realizadas contaram com participantes das áreas da Arquitectura, da História da Arte, da Conservação e Restauro, da Geografia, da Arqueologia, da Gestão do Património e da Museologia (estudantes, profissionais dessas áreas, docentes universitários e técnicos do IPPAR).

Alguns dos participantes na 1ª edição do curso (Fevereiro de 2005) Alguns dos participantes na 1ª edição do curso (Fevereiro de 2005) 

 

opiniões extraídas dos inquéritos ao curso:

As duas edições do curso já realizadas foram ambas avaliadas de forma extremamente positiva, quer em termos pedagógicos e científicos, quer no que diz respeito à sua utilidade. A relação qualidade/custo foi outro aspecto que mereceu a nota máxima da maior parte dos participantes.

Alguns dos participantes na 2ª edição do curso (Abril de 2005)

Pontos fortes:

"diversidade de exemplos apresentados" (ponto forte referido três vezes)

"utilização da imagem" (ponto forte referido duas vezes)

"linguagem acessível dos formadores"

"forma simples e directa como os assuntos são expostos"

"muito interessante"

"complementam-se [as partes mais interessantes com as menos apelativas], preenchendo as diversas vertentes necessárias"

"as explicações dadas foram bastante esclarecedoras, assim como a proposta de uma nova licenciatura"

"documentação fornecida"

"utilidade dos temas"

"actualidade das temáticas"

"valorização do historiador de arte"

"na parte de Restauro Urbano, as ideias são muito boas, o que despertou o meu interesse muito mais do que eu já tinha"

"ajuda-nos a olhar para as coisas de maneira diferente, ajuda-nos a ter opinião formada sobre determinados temas"

"a parte de urbanismo e da conservação de núcleos urbanos é a mais interessante e bem conseguida"

"é de grande importância as várias chamadas de atenção realizadas para que se alterem as mentalidades, algo difícil de conseguir"

Alguns dos participantes na 2ª edição do curso (Abril de 2005)

Foi também pedido aos participantes da 2ª edição que indicassem aqueles pontos mais fortes e mais fracos do curso, de modo a que os pontos fortes se mantenham e os pontos fracos venham a ser melhorados no futuro. Os resultados apresentam-se em seguida.

 

Sugestões dadas pelos participantes:

"gostaria que tivessem abordado mais as várias fases da conservação e restauro" (ponto fraco referido três vezes)

"poderia referir-se mais (...) produtos químicos e técnicas a usar"

"poucos exemplos de metodologias e processos de conservação e restauro"

"por serem muitos exemplos apresentados, não há uma discussão sistemática dos casos"

"excessiva exposição técnica para tão pouco tempo"

"a duração de apenas três dias"

"algumas críticas levadas a cabo neste curso correram o risco de ser descontextualizadas e possivelmente mal entendidas, pois não foram fornecidas as ferramentas - que claramente os formadores possuem - para a apreensão e questionamento que deve haver da nossa realidade"

"mais exemplos do que de correcto se faz em Portugal e noutros países na área da conservação e restauro"

"mais cursos deste tipo com custos moderados, possibilitando a adesão de mais pessoas, porque as vagas disponíveis eram muito poucas em relação às candidaturas"

"este curso mais vezes, para que haja um alerta de consciência"

"trazer à formação pessoas directamente implicadas em certos restauros de núcleos históricos, para que estes possam explicar as suas opções e possam ser questionados por nós"

"por vezes, mostrar o bom é o suficiente para que as pessoas saibam reconhecer o mau e nem sempre o contrário se verifica. Fica-se com a sensação de que todos andamos enganados e errados. Gostava de ter visto os que vão na vanguarda e à frente nas acções".

"compreendo o facto de não darem opiniões sobre a resolução ou possível resolução dos problemas, mas acho que a deviam dar para suscitar o debate, porque sem pontos de referência muitos que não estão habituados a pensar sobre estas temáticas não conseguem formular opinião"

"numa próxima edição (...) uma componente prática ainda que em pequena escala, em termos de algumas técnicas"

Como formadores, a nossa opinião quanto a estas críticas e sugestões é a de que elas partem sobretudo do facto do curso ser claramente interdisciplinar nos temas e no público-alvo. De facto, notámos que alguns participantes mais ligados à conservação e restauro e história da arte pretendiam uma maior explanação técnica baseada em casos, o que já não sucedeu com os participantes mais ligados à arquitectura, alguns dos quais apontaram um certo excesso de casos para tão pouco tempo. Tentámos fazer o equilíbrio entre as duas vertentes, o que não é fácil num curso livre intensivo. Quanto ao facto de se ter passado uma certa ideia de que é pouco correcta a maior parte das intervenções que se fazem na conservação e no restauro de núcleos históricos em Portugal,  julgamos que a realidade não pode ser escamoteada. Contudo, tentaremos focar mais bons exemplos em próximos cursos. Em suma, agradecemos as sugestões feitas e, dentro do possível, procuraremos segui-las em futura formação nesta área.

 

 

 

Este curso livre teve seguimento em 2007, com um curso exclusivamente dedicado à ornamentação cerâmica na arquitectura portuguesa do século XIX e em 2008 com um curso exclusivamente dedicado à reabilitação integrada de centros históricos.

 

 

Veja aqui quais os cursos livres que irão decorrer brevemente

veja também Conservação e Restauro - consultoria

 

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Em linha desde (online since): 2004 | Página actualizada em (last modified): 17-10-2011